Juliana - (sorridente)
Oi?
Gay Incomum - (sorrindo)
Oi! Que surpresa!
Eles se abraçam e
seguem para o quarto dele. Juliana senta na cama. Gay Incomum a olha e senta
também.
Juliana - Deixa
o MSN aberto que eu tô esperando uma amiga me confirmar um concurso que vai ter
na cidade dela.
Gay Incomum - Pode
abrir.
Juliana senta diante
do computador, abre o MSN e depois olha para Gay Incomum.
Juliana - A
gente não conversou mais depois daquela noite. (senta na cama e olha para ele) Você mudou.
Gay Incomum - Pra
melhor ou pra pior?
Juliana - Primeiro
pra pior e depois pra melhor. Mas eu sei que aconteceu alguma coisa com você e
que foi depois do que houve entre a gente. Tô certa?
Gay Incomum - Se
refere àquela tentativa frustrada? É, ela mexeu comigo sim.
Juliana - Eu
sabia! Mas mexeu em que sentido?
Gay Incomum - Acho
que eu não consegui corresponder, né?
Juliana - Ah,
mas isso é normal. Acontece. Mas foi só por isso?
Gay Incomum - Pelo
quê mais?
Juliana - Ah,
sei lá! Me diz você.
Gay Incomum - Foi
isso!
Juliana - Tá!
Então se eu lhe der um beijo agora... (se aproxima dele) ...tá tudo certo?
Gay Incomum ri e se afasta.
Gay Incomum - Quando
eu viajei pra casa, eu pensei muito no que a psicóloga me falou e em tudo o que
eu tenho feito. E eu cheguei a conclusão que eu preciso ser sincero comigo
mesmo. Preciso parar de ser o que os outros querem que eu seja e me escutar de
verdade.
Juliana - E
se escutar inclui não ficar comigo.
Gay Incomum - Eu
tô revendo alguns conceitos.
Juliana - Não
tem algo mais que você queira me contar? Eu tenho medo de falar e você se
isolar de novo.
Gay Incomum - Fala!
Garanto que aguento.
Juliana - É
sobre o que eu te perguntei naquela noite. Sobre... você... ser gay.
Gay Incomum - Você
acha que eu sou?
Juliana - Você
é?
Gay Incomum a olha e
sorri.
Juliana - Eu
tenho vontade de ficar com mulher. É... curiosidade! Mas não deixo de gostar de
homem. Será que eu sou bi? (solta uma gargalhada) Mas eu entendo o seu medo de
falar alguma coisa. A gente sempre faz estardalhaço quando descobre que fulano
é gay. Mas pra mim não tem diferença nenhuma. Só o fato que eu vou sair
perdendo se você for. Se bem que eu sempre tive vontade de ficar com um gay pra
dizer: eu fiz aquele cabra virar homem. (ri) Então, eu não vou desistir fácil.
Gay Incomum - Eu
adoro essas nossas conversas.
Juliana - Eu
também. Por mim ficava o dia e a noite conversando.
Gay Incomum - Se
quiser pode dormir aqui.
Juliana - Não
ia dar certo... (ri) Mas vem cá, quando eu sentir vontade de te beijar, como
agora, eu vou poder? Uma amizade... colorida. Só um pouquinho.
Gay Incomum - A
gente pode estudar o caso. (ri) Ah, deixa eu te mostrar uma coisa.
Juliana - (brinca)
Eu já vi.
Gay Incomum - (ri
e vai até o PC) É um vídeo.
Gay Incomum mostra um
vídeo dele dançando lambada com a prima aos 6 anos.
Juliana - Lambada?
Gay Incomum - É.
Um dos meus segredos de infância. Não tão mais assim.
Juliana - Eu
também dancei lambada quando eu era criança.
Gay Incomum - Sério?
Então vamos dançar.
Gay Incomum pega
Juliana e eles rodopiam alguns passos da música aos risos. Juliana quase cai em
cima da escrivaninha. Gay Incomum a segura e ela o beija, subindo a camisa dele.
Gay Incomum ri.
Juliana - Que
foi?
Gay Incomum - Não
vai adiantar. Eu sei até onde eu posso chegar.
Juliana - E
já chegou ao limite? Eu não consegui te excitar nem um pouquinho? (ri)
Gay Incomum - Um
pouquinho. Mas esse pouquinho não é suficiente.
Juliana - Ai!
Então é isso mesmo. Você é gay.
Gay Incomum - Digamos
que tô começando a aceitar o fato sem medo.
Juliana o olha fundo e
sorri carinhosamente.
Juliana - Que
bom! (o abraça) Só assim você vai conseguir ser feliz de verdade.
Gay Incomum sorri abraçado
a ela.