março 24, 2012

Investida [parte III] - Desfecho

Gay Incomum abre a porta do apartamento e Juliana surge.

Juliana - (sorridente) Oi?

Gay Incomum - (sorrindo) Oi! Que surpresa!

Eles se abraçam e seguem para o quarto dele. Juliana senta na cama. Gay Incomum a olha e senta também.

Juliana - Deixa o MSN aberto que eu tô esperando uma amiga me confirmar um concurso que vai ter na cidade dela.

Gay Incomum - Pode abrir.

Juliana senta diante do computador, abre o MSN e depois olha para Gay Incomum.

Juliana - A gente não conversou mais depois daquela noite.  (senta na cama e olha para ele) Você mudou.

Gay Incomum - Pra melhor ou pra pior?

Juliana - Primeiro pra pior e depois pra melhor. Mas eu sei que aconteceu alguma coisa com você e que foi depois do que houve entre a gente. Tô certa?

Gay Incomum - Se refere àquela tentativa frustrada? É, ela mexeu comigo sim.

Juliana - Eu sabia! Mas mexeu em que sentido?

Gay Incomum - Acho que eu não consegui corresponder, né?

Juliana - Ah, mas isso é normal. Acontece. Mas foi só por isso?

Gay Incomum - Pelo quê mais?

Juliana - Ah, sei lá! Me diz você.

Gay Incomum - Foi isso!

Juliana - Tá! Então se eu lhe der um beijo agora... (se aproxima dele) ...tá tudo certo?

Gay Incomum ri e se afasta.

Gay Incomum - Quando eu viajei pra casa, eu pensei muito no que a psicóloga me falou e em tudo o que eu tenho feito. E eu cheguei a conclusão que eu preciso ser sincero comigo mesmo. Preciso parar de ser o que os outros querem que eu seja e me escutar de verdade.

Juliana - E se escutar inclui não ficar comigo.

Gay Incomum - Eu tô revendo alguns conceitos.

Juliana - Não tem algo mais que você queira me contar? Eu tenho medo de falar e você se isolar de novo.

Gay Incomum - Fala! Garanto que aguento.

Juliana - É sobre o que eu te perguntei naquela noite. Sobre... você... ser gay.

Gay Incomum - Você acha que eu sou?

Juliana - Você é?

Gay Incomum a olha e sorri.

Juliana - Eu tenho vontade de ficar com mulher. É... curiosidade! Mas não deixo de gostar de homem. Será que eu sou bi? (solta uma gargalhada) Mas eu entendo o seu medo de falar alguma coisa. A gente sempre faz estardalhaço quando descobre que fulano é gay. Mas pra mim não tem diferença nenhuma. Só o fato que eu vou sair perdendo se você for. Se bem que eu sempre tive vontade de ficar com um gay pra dizer: eu fiz aquele cabra virar homem. (ri) Então, eu não vou desistir fácil.

Gay Incomum - Eu adoro essas nossas conversas.

Juliana - Eu também. Por mim ficava o dia e a noite conversando.

Gay Incomum - Se quiser pode dormir aqui.

Juliana - Não ia dar certo... (ri) Mas vem cá, quando eu sentir vontade de te beijar, como agora, eu vou poder? Uma amizade... colorida. Só um pouquinho.

Gay Incomum - A gente pode estudar o caso. (ri) Ah, deixa eu te mostrar uma coisa.

Juliana - (brinca) Eu já vi.

Gay Incomum - (ri e vai até o PC) É um vídeo.

Gay Incomum mostra um vídeo dele dançando lambada com a prima aos 6 anos.

Juliana - Lambada?

Gay Incomum - É. Um dos meus segredos de infância. Não tão mais assim.

Juliana - Eu também dancei lambada quando eu era criança.

Gay Incomum - Sério? Então vamos dançar.

Gay Incomum pega Juliana e eles rodopiam alguns passos da música aos risos. Juliana quase cai em cima da escrivaninha. Gay Incomum a segura e ela o beija, subindo a camisa dele. Gay Incomum ri.

Juliana - Que foi?

Gay Incomum - Não vai adiantar. Eu sei até onde eu posso chegar.

Juliana - E já chegou ao limite? Eu não consegui te excitar nem um pouquinho? (ri)

Gay Incomum - Um pouquinho. Mas esse pouquinho não é suficiente.

Juliana - Ai! Então é isso mesmo. Você é gay.

Gay Incomum - Digamos que tô começando a aceitar o fato sem medo.

Juliana o olha fundo e sorri carinhosamente.

Juliana - Que bom! (o abraça) Só assim você vai conseguir ser feliz de verdade.

Gay Incomum sorri abraçado a ela.

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