março 17, 2012

Investida [parte I]

Uma turma se diverte e bebe na sala de um apartamento. Juliana passa por eles com um copo de cerveja na mão e segue até a varanda, onde está o Gay Incomum.

Juliana - Até aqui você arranja um jeito de ficar sozinho, né?

Gay Incomum - Estava só olhando a rua.

Juliana - Não tem muito o que se vê. (ri) Bebe um pouquinho.

Gay Incomum - Eu já bebi lá dentro.

Juliana se debruça sobre a varanda, aprecia a bebida e olha a rua.

Juliana - Nossa, eu fico morta de vergonha quando alguém comenta alguma coisa sobre nós dois. Se uma conversa dessas chega aos ouvidos de Fernando... eu não gosto nem de imaginar.

Gay Incomum - O que você acha que ele faria?

Juliana - Prefiro não pensar nisso. Só garanto que a reação dele não seria das mais tranquilas. Mas e Lisa, se soubesse desses assuntos?

Gay Incomum - Me odiaria pra sempre.

Juliana - Eu não sei por que você ainda está com ela. Você mal fala dela. Eu sei mais dos Beatles do que dela por você.

Gay Incomum - Isso não quer dizer nada. Você também não vive falando de Fernando pra todo mundo. Se esse é o critério pra medir a relação, então não parece que você também gosta dele.

Juliana - Eu gosto! Muito! Só que ele está longe... A gente se vê pouco... Mas eu não tenho a menor pretensão de terminar com ele.

Gay Incomum - Interessante. Depois de tudo que você falou naquele verdade ou consequência, eu não pensei que ele ainda fosse tão importante pra você.

Juliana - Ai, eu falei tanta coisa naquele jogo. Incomum, sério... O que você sente por mim?

Gay Incomum - É mais uma rodada do jogo?

Juliana - Não foge do assunto! Às vezes eu acho que você não sabe o que quer. Fica mandando tantos sinais confusos que meu radar entra em pane. Eu falei pra você lá em casa que sentia algo muito especial por você, mas eu preciso saber se você também sente o mesmo por mim. Porque tem muita coisa em jogo aqui. Tem Fernando, tem Lisa. E tem a nossa amizade, que eu não quero perder por nada.

Gay Incomum - A nossa amizade é um ponto importante.

Juliana - Você tem medo que a gente perca? 

Gay Incomum - Nós construímos uma coisa tão linda, tão bacana, que eu não queria estragar.

Juliana - Da minha parte eu garanto que a gente não vai perder nada.

Gay Incomum - É fácil falar agora. Mas depois eu quero ver.

Juliana - Você está complicando as coisas.

Gay Incomum - Não! Estou sendo realista.

Juliana - Tá, mas eu quero tentar! Mas você parece que não.

Gay Incomum - Não é isso.

Juliana - E é o quê então?

Gay Incomum a olha confuso. Pedrinho entra correndo na varanda. Marlene entra logo atrás.

Marlene - Pedrinho, vem pra cá! (os vê) Oi, vocês estão aí? Nem tinha visto. Esse menino não me deixa quieta. Pedrinho!! (olha em volta) Ah, eu gostei daqui. É bem ventilado, né?

Juliana - É! Vem pra cá. Chama João Pedro. A gente coloca umas mesas aqui.

Marlene - Não, você acha que ele vai sair de lá agora? Abriram as bebidas ainda há pouco. Eu tenho medo de não conseguir arrancá-lo daquela sala quando a gente for embora. E eu que fique aqui supervisionando esse pestinha, porque se deixar já viu, né? Ele faz a festa dele aqui. Vem, Pedrinho! Vamos lá pra dentro! (pega na mão de Pedrinho) Vão pegar mais bebida. (olha insinuando) Aí depois vocês voltam pra cá de novo.

Juliana - (sem graça) Não, a gente já está indo.

Marlene e Pedrinho saem. Juliana e Gay Incomum se olham sem jeito.

19 comentários:

  1. Gay incomum, estou acompanhando seu blog, eu estava achando difícil me situar em quer período da sua vida vc fala, pq vc escreve de forma linear, aí vi os marcadores é dá para ter uma idéia. Mas tipo vc poderia colocar no começo do post alguma data ou mesmo em que período se refere. Este post por exemplo, algum novo leitor pode pensar que aconteceu hj, sendo que eu acho que isso aconteceu quando vc estava na faculdade ou ensino médio. Vc tem e-mail do blog?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Anônimo, não tenho um e-mail específico do blog, mas se quiser pode escrever pra esse endereço: smallandmore@yahoo.com.br
      Vou pensar sobre o que disse sobre o período da postagem.
      É que a ideia aqui é sempre relatar o passado.
      Em raríssimos momentos falarei sobre hoje.
      E obrigado por acompanhar o blog.
      Abração!

      Excluir
    2. É que "Diário" pode soar como algo que relata fatos recentes.

      Achei a ideia do Anônimo uma boa.

      Assim como o seu post. Muito bom.

      Excluir
  2. Oi, menino, tudo bem?

    Engraçado essa coisa de radar... o meu sempre funcionou. Alias, acho mesmo que o de todo mundo funciona. O da Juliana, embora ela dissesse que estava em “pane”, acho que no fundo era ela quem não queria interpretar os sinais que apareciam na telinha do tal radar, né não?!

    Entendo que, nessa fase da vida da gente, nem sempre ficamos prestando atenção na telinha... mas que o radar tá lá funcionando, olha, não tenho dúvida!

    Beijão.

    ResponderExcluir
  3. Sabe também tive uma "Juliana", ela tentava de toda forma me seduzir, eu fugi de toda forma possível, nunca revelei a ela que era gay. Depois de anos nos encontramos e eu estava com meu namorado e acho que ali o radar dela funcionou. rsrsrs

    Um abraço!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Juan: mas alí não era mais radar... era o avião mesmo (kkkkkkk)

      Abraços

      Excluir
  4. concordo com o Anônimo
    fico perdidinho aqui...

    ResponderExcluir
  5. eu acho que a sinceridade deve ser usada. não é preciso mentir, mas pode-se omitir coisas. por exemplo, o diálogo abaixo poderia ter acontecido:
    ...
    Juliana - Tá, mas eu quero tentar! Mas você parece que não.
    Gay Incomum - Verdade, não quero mesmo. Melhor deixar assim como está.
    ...
    entendeu?
    é a verdade, você não quer. ou será que quer??

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ah, sim, Railer, a sinceridade é sempre a melhor saída.
      Eu só demorei um pouco pra entender isso.
      E como demorei!
      Mas cada um a seu tempo!
      Abração!! =)

      Excluir
  6. não tenho o menor saco para pessoas q não têm GAYDAR! eita falta de desconfiômetro!

    ResponderExcluir
  7. Só tive problema com isso no EM, a única vez que uma garota se interessou por mim. Depois nunca mais passei por essa situação. Acho que meus feromônios gays são muito fortes hahaha

    Beijo!

    ResponderExcluir
  8. Oi, tudo bem?
    Menino, fiquei meio perdido aqui. Na verdade, tenho uma teoria, rsrs, mas deixa em off, rs.
    Então, eu ñ tenho uma religião definida, acredito muito em Deus e tal. Eu me identifico muito com o espiritismo, sou meio sensitivo e tal, apesar de não concordar com algumas coisas da doutrina. Mas espero realmente que seja isso mesmo q vc disse, tenho uma vontade gigantesca de ter um filho e tal.
    Abraços menino

    ResponderExcluir
  9. Esse tipo de situação será comum enquanto as pessoas tiverem alguma dúvida a seu respeito. No caso, as garotas, como a Juliana, que têm atração por você e se dizem com o radar roto. Na verdade, elas é que não querem ver e aceitar a realidade, né não?
    Complicado! Radar elas têm, mas muitas delas se acham superpoderosas!
    Já tive medo dessas situações, já me permiti ficar "de saia justa", mas hoje, não me pegam mais. Não tenho mais o menor saco pra enfrentar esse tipo de situação.
    Felizmente, tudo passa. Tudo tem sua fase na vida... Tenha paciência que um dia, no seu próprio tempo, você estará livre desse tipo de situação.
    Abração!

    ResponderExcluir
  10. As vezes fico meio em dúvida sobre esse teu pseudônimo, sabe. Cadê o constrangimento gay? Constrangimento hetero me dá coceira... Ai, ui, coça, coça, coça.

    ResponderExcluir
  11. Respondendo ao Railer (olha a minha parte psicologa falando) KKKKKKK. Gay incomum já deixou claro (como cristal reluzente) que na infância até fase ainda misteriosa da vida, sempre quis ser COMUNZÃO! ^__^ Ele fez de um tudo, se não me engano, pra tentar ser "NORMAL". (Coisa que não existe)

    ResponderExcluir
  12. Irei entrevistar o Cara Comum do blog Um pote de Ouro nessa semana. Quer participar me enviando duas perguntas pra ele? Fico no aguardo até quarta feira, dia 15. Abcs!

    ResponderExcluir
  13. O engraçado é que todo esse relato poderia ser resumido numa pergunta e numa resposta, né?
    Juliana - Você é gay?
    Gay Incomum- Sim, sou.
    Mais engraçado ainda é nos darmos conta que isso, sim, seria incomum.
    Bjaum.

    ResponderExcluir
  14. Bom, o texto é fantástico e de alguma forma imagino que todo mundo deve ter passado por uma situação parecida na época em que se está definindo ainda muita coisa pra si mesmo.

    Sobre o lance de ficar perdido nas datas de seus relatos, eu confesso que também fico um pouco. No meu blog, eu deixo os marcadores logo abaixo do título pro caboclo já chegar sabendo do que se trata (e poder escolher se quer ler aquilo ou não). Pode ser uma boa ideia para situar melhor seus leitores, que tal?

    Abraços!!

    ResponderExcluir
  15. Eu tentei colocar os marcadores no início das postagens, mas ele não ficou, não sei por que.
    Só se eu for mexer no html. Daí não sei. = [

    ResponderExcluir

Sintam-se livres para deixar seus apontamentos no meu diário.