março 22, 2012

Investida [parte II] - Na cama

Juliana pára o carro em frente ao condomínio do Gay Incomum.

Juliana - Entregue!

Gay Incomum - É! Até que foi divertido lá, né?... Boa noite!

Juliana - Não quer mesmo terminar a nossa conversa, né?

Gay Incomum - Não terminamos ainda?

Juliana - Ah, tudo bem. Se você vai ficar fugindo do assunto, eu prefiro ir embora mesmo.

Gay Incomum - Eu não tô fugindo do assunto.

Juliana - Tá, e você sabe disso. Eu só quero que você olhe no meu olho e diga que quer somente a minha amizade. Aí, eu esqueço que pensei alguma vez que a gente podia ter algo.

Gay Incomum a olha inseguro, sem querer magoá-la e sem coragem de ser sincero.

Gay Incomum - Ah, Juliana!... Eu gosto de estar com você, sim. Gosto mesmo! Acho que nunca gostei tanto de ficar na companhia de uma garota assim. Me sinto bem. Mas num sei se isso é maior que a amizade. Aliás, nem sei se isso é mais que amizade. ... O que foi?

Juliana - É que eu acho que é a primeira vez que você é direto comigo em algum assunto. E isso é um bom começo. Eu sei que você tem seus medos, suas dúvidas, mas em mim você pode confiar. Nós podemos passar por isso juntos.

Ela se aproxima dele aos poucos e o beija. Gay Incomum abre o olho e olha confuso.

Juliana - Não quer me convidar pra subir?

.....................................................................

Luz apagada no quarto do Gay Incomum. Juliana e ele se beijam. Ela o beija ardentemente no pescoço, no rosto, na orelha... Gay Incomum olha tenso e a beija no pescoço também.

Juliana - Tá nervoso? Relaxe! Esqueça os problemas, as preocupações... Se entregue.

Juliana começa a levantar a camisa dele e em seguida, tira. Nervoso, Gay Incomum passa a mão por dentro da blusa dela, e ela mesma tira a blusa e o sutiã. Ele olha estático para os seios dela.

Juliana - (o beijando) Pega!

Gay Incomum passa as mãos nos seios dela, enquanto ela pega no botão da calça dele. Ele se afasta um pouco. Ela abre o botão, desce o zíper, tira a calça dele e em seguida, tira a sua saia. Ela o abraça novamente o beijando e o sugando, e passa a mão na cueca dele. Gay Incomum se afasta rapidamente. Ela o olha e senta na cama.

Juliana - Vem aqui!


Gay Incomum vai até a cama e senta. Ela o beija e deita com ele na cama, passando a mão na cueca dele.

Gay Incomum – Não... Tenho vergonha!

Juliana - Vergonha de quê? Você tem é muito grilo na cabeça. Sexo é uma coisa tão natural. Deixa eu tirar sua cueca.

Gay Incomum olha perturbado. Ela se adianta, fica por cima dele e tira a cueca. Ele vira o rosto aflito.

Juliana - Quer que eu faça alguma coisa pra te animar?

Gay Incomum - Ah... num sei...

Juliana começa a se enroscar nele.

Gay Incomum - Não, Juliana! Juliana!

Ele senta na cama se encobrindo com o travesseiro.

Gay Incomum - Não tá funcionando.

Juliana - É porque você não tá relaxado. Deixa eu te relaxar. Vem!

Juliana o abraça, roça seu corpo no dele, passa a mão pelo corpo dele, faz ele passar a mão no dela... Até que ele se senta de novo na cama.

Gay Incomum - Não!

Juliana senta suspirando. Ela tenta se recompor e olha para ele.

Gay Incomum - Eu tô muito nervoso. Não tô conseguindo me concentrar. Nunca fiz também, aí...

Juliana - Não tem que se desculpar. Acontece. Ainda mais numa primeira vez... aos vinte e quatro. Eu é que vou ficar no fogo agora.

Gay Incomum - Mas você ainda pode dormir aqui.

Juliana - Não! Eu vou pra casa tomar um banho de água fria e dormir. Mas... eu posso te fazer uma pergunta? Você jura que não vai ficar chateado comigo?

Gay Incomum - (tenso) Claro!

Juliana - Você é gay? Seja sincero.

Gay Incomum - (nervoso) Não!

Juliana - Não?

Gay Incomum - (inseguro) Não!

Juliana - Tudo bem! Eu vou me trocar pra sair.

Ela se levanta e começa a pegar suas roupas. Gay Incomum a olha perturbado.

Juliana - Não tá chateado comigo, né?

Gay Incomum - (sorri forçado) Não!

Ela se veste e o olha.

Juliana - Tô indo! Tchau! (o beija e sai)

Gay Incomum - Tchau!

Gay Incomum fica imóvel na cama, escuta a porta bater, olha para a janela e se aproxima. Através da janela, ele vê Juliana indo até o carro e saindo. Em seguida, ele olha para dentro, se aproxima da cama, senta, põe as mãos no rosto e deixa as lágrimas banhá-lo. 

22 comentários:

  1. Cara, vc escreve muito bem. Conheci seu blog no final do ano passado e me amarrei nas suas histórias. O único problema é que vc escreve como pouquíssima frequência. É interessante como nossos dramas pessoais rendem histórias dignas de oscar. ;)

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    1. Oi, anônimo, obrigado pelo elogio! E que bom que vc tem curtido minhas histórias.
      Pois é, tenho escrito pouco mesmo, mas é que meu mundo tem estado meio bagunçado.
      Aos poucos eu coloco a cabeça e a vida no lugar.
      Grande abraço!

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  2. Se tudo o que vc escreveu aconteceu....sinto muito!
    Se foi obra de ficção.....Parabéns!
    bjs

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    1. Foi realidade mesmo!!
      Mas tudo faz parte do desenvolvimento humano.
      Cada um a seu tempo e a seu modo.
      Abração!

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  3. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    Isso é o q eu chamo de talento literário!!!
    Uma situação mto comum em alguns filmes gays que já assisti. Pra falar a verdade, este seu relato é quase um roteiro... mto perfeito, beeeeeeeem cinematográfico....rsrsrs
    Mas, PELOAMORDEDEUS, aos 24 anos fazer um papelão desses, só digo uma coisa: Pena dessa garota...kkkk

    Abraço!! rsr

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    1. Oi, Marcelo, obrigado pelos elogios!
      Assim vc me injeta força pra correr ainda mais atrás do que tô buscando. = ]
      Ah, e a garota hoje é uma de minhas melhores amigas.
      Foi a primeira a quem eu consegui contar que sou gay e isso nos fez um bem enorme.
      Abração!!

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  4. texto maravilhoso, mas... assim
    não fiquei nem um pouquinho comovido com suas lágrimas no final
    acho q vc mereceu se sentir mal
    vc foi super vilão nessa estória.

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  5. Nossa!!!
    Que barra você enfrentou, magoar a menina assim, nem sei como reagiria. Fiquei muito comovido como você se sentiu mal por ela. Isso prova que você tem caráter.
    Parabéns por mais um excelente texto...

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    1. Oi, Juan, obrigado pelo elogio ao texto.
      Pois é, foi um episódio difícil, mas tudo serve de aprendizagem.
      Eu e Juliana aprendemos muito com tudo isso e hoje até rimos do que aconteceu.

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  6. Fora o texto como um todo, que como sempre é muito bom, notei algo interessante. Existe você nos diálogos (primeira pessoa) e você como narrador (terceira pessoa). Pra mim isso é tão sintomático!

    Outra coisa: mas essa Juliana era uma "anta" (mil desculpas!) mesmo... pelamordeDeus, sem o menor "desconfiômetro"! Toda menina, com o mínimo de bom senso, "sacaria" que um carinha se comportaria como você se comportou por dois motivos básicos: ou se ela fosse um verdadeiro "bagulho" ou se ele fosse um legítimo gay. Não tem outra nuance.

    Desculpe se eu fui muito duro... você sabe que eu adoro tudo o que você escreve... apenas "entrei no clima" da história (kkkkkk).

    Beijos polares.

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    1. Oi, Cesinha, tranquilo, eu entendo seu ponto de vista.
      Mas sabe, quando queremos algo e sentimos que poderemos não ter porque uma peça não se encaixa, ignoramos a peça e investimos assim mesmo.
      Foi isso que Juliana fez. Lá no fundo ela já sentia que eu era gay, mas quis investir.
      Não a culpo!
      Abração, meu amigo!

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  7. Bom, eu acho que a vida real tem muito mais que vilões e mocinhos. Por isso não condeno seu comportamento com a Juliana. É claro que vc a magoou, mas estava acuado, com certeza, por todo um medo de assumir para o mundo quem vc realmente é. E, como o Cesinha notou, aquele era outro Gay Incomum que já pode ser narrado em terceira pessoa como algo que não faz parte de vc mais...

    Enfim, para variar, seu texto é perfeito e envolvente!

    Abraços!!

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    1. Oi, Cara Comum, obrigado pelo elogio!
      Pois é, essa coisa de vilão e mocinho só funciona mesmo na hollywood dos tempos antigos.
      Ninguém é só uma coisa ou outra. Se eu errei com Juliana e a magoei, foi numa tentativa justamente de não a magoar.
      Achei que viver a realidade dela era melhor do que desvendar a verdade.
      Aprendizagem... vida!
      Fazer o quê?
      Abração!!

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  8. Olha, que medo por você.

    Como eu já te disse, exalo feromônios gays que fazem com que mulheres não se atirem pra cima de mim, então desse problema não sofro. Numa situação dessas, o meu veto seria imediato.

    Mas como não sou eu, eu apenas leio e sinto medo por você. Muito medo.

    Beijo!

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    1. Oi, Lobo, pois é, tudo seria bem mais simples se eu tivesse cortado a chance de me envolver com ela logo de cara, mas cada pessoa que sabe onde a calo aperta, né?

      Abração!!

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  9. Justamente para evitar essa situação que sempre cortei relações de amizades com garotas que começavam a ter outros interesses.

    E foi por isso que tive de me assumir gay para minha melhor amiga de faculdade. Não que ela estivesse querendo algo a mais, mas também não estava confortável com a situação. De esconder e de não ser verdadeiro.

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    1. Eu consegui contar pra Juliana algum tempo depois.
      Não que ela já não soubesse... rs mas conseguir assumir diante dela foi um importante avanço. = ]

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  10. KKKKKKKKKKKKKKKKK, nessas horas fico chocado em como os homens ainda são tratados como "os lobos maus" das histórias. Juliana 'sempre' soube que vc é gay (de santinha, boazinha e vitiminha ela não tem NADA). Ela queria era tirar seu cabaço! Tolinho... E digo tolinho, pq você (quase? falta a próxima parte) caiu direitinho no jogo dela. Ser o "filhinho da mamãe" não ajudou em nada (essa coisa de barra da saia é um estrago - sei bem). Negar o óbvio também não ajudou, mas compreendendo perfeitamente. Na época você não se aceitava.

    Sério? Depois que li o comentário do Foxx tive que ler todos os outros. Minha gente, cadê o gaydar de vocês? JULIANA é muito-muito esperta. Dá uma rasteira em todos com os olhos fechados. Manda ela me fazer uma visitinha... Prometo devolver em perfeito estado (pelo menos fisicamente) rs. Claro, digo isso com "conhecimento" de causa - todo mundo passa por tolo pra aprender a lição. A diferença é que a minha foi com 13 anos. ^__^ E me poupem de ter dó de uma garota canastrona (sorry, sua amiga né?) como essa.

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    1. Homotoon, Juliana sabia lá no fundo que eu era gay, mas quis investir.
      Não a culpo! Até porque teria que me culpar tbm por me deixar envolver.
      Mas o bom de tudo é que hoje somos grandes amigos e a verdade reina entre nós.
      Isso é bacana!! =]
      Abração!!

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  11. tipo... uau.
    Uma(s) dúvida(s): se você deixasse rolar e conseguido relaxar, acho que uma ereção ali seria possível. Mas o que te impediu foi a moralidade por estar com a Lisa ou o fato de se enxergar como gay e ver aquilo como algo não satisfatório aos seus desejos? Ou o que mais impediu foi o nervosismo por ser a 1a vez?

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    1. Oi, N.B., obrigado pela visita ao museu rsrss
      Devia estar escrevendo ainda, mas enfim...
      Bom, vc fez um questionamento interessante.
      E te digo que o que me impediu de ter uma ereção e seguir em frente foi um misto de sensações. Foi o fato de nunca ter feito, foi o medo de não conseguir, a pressão de ter que conseguir, a lembrança de Lisa, e claro, a total ausência de interesse.
      Mas sabe, no fundo, o que me deixou pior com tudo aquilo foi constatar que não estava sendo honesto nem comigo, nem com Juliana. Isso foi dose!
      Mas...

      Abraço, amigo!!

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